domingo, 28 de outubro de 2012

De seis em seis horas

É angustiante a sensação de perda. Perda de tudo. Você perde a vontade, a felicidade, parece perder a vida.
Mas é assim mesmo, assim funciona o sistema vital, de perdas. No concreto você continua perdendo, perde a fé, esperança, vontade, amor.
Tudo é como uma maresia. De seis em seis horas a maré enche e seca, acontecendo o mesmo movimento ida-volta duas vezes ao dia. A possibilidade de você se manter estável em meio ao movimento fica cada vez mais difícil e desesperador. Até que você entende o movimento marítimo, no entanto, você já quase se afogou, engoliu água salgada e já teve que nadar muito para se manter no raso.
Enfim, você consegue se adequar ao movimento, mas está exausto, cansado, tonto, e sem olhar para trás, sai da água. Esse momento, é o momento da morte.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vivatemp

Tempo, tempo
A palavra do poeta.
Só há um esquecimento...
Que o dia em que se sente vivo
O tempo não precisa passar.
Quando a vivacidade surge,
A felicidade passa a ter uma senha.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Buraco negro

Implodimos nossa estrela, que estava dentro dos nossos peitos.
Nos tornamos um buraco negro. Não engolimos energia, engolimos nossa dor.
As estrelas distantes torcem por nós, os girassóis não olham mais para o sol, nosso brilho é maior. Acorde de manhã e veja que eles estarão olhando na nossa direção. Eles nos perseguem, nos invejam.
Somos um buraco negro, nós estamos engolindo nossa dor.
Todos torcem por nós.
Vamos viver nossa energia.
Somos um buraco negro de energia.
Engolimos nossa dor.
Vamos voltar a ser uma estrela, uma constelação.
Só assim, faremos milhões de buracos negros.
Seja enquanto puder o meu buraco negro. Vamos implodir nossa dor.





ps: Para (L)

 Na perda de si, o eu interior morre como uma lagarta! Mas afinal, tal qual a lagarta, nada se perdeu!  Tudo desabrochou!  Agora, coragem pa...